Participantes do ENEM em foto de 2007 Foto: Wikipedia
Por Ronaldo Werneck
Neste final de semana centenas de milhares de jovens foram fazer a prova do ENEM em todo país. O tema da redação "a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" revela o quanto a sociedade machista brasileira precisa mudar.
O ENEM deste ano foi atípico, em comparação as outras edições. Perguntas sobre músicas da periferia tomaram lugar das eruditas, questões sobre a realidade brasileira, como o machismo institucionalizado e questões sobre Simone de Beauvoir, filósofa existencialista e femininista francesa, mexeram com os neurônios dos estudantes. Se deram bem os mais preparados e antenados, conjunturalmente.
A realidade brasileira nunca esteve tão presente no ENEM, principalmente, pelo fato, de abordar a condição feminina, frente a violência no Brasil.
Dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, em 2014 próximo de 35% das mulheres sofreram algum tipo de agressão, semanalmente. Tanto na forma de violência física, como psicológica e sexual. Na década passada foram mais de 43 mil mulheres assassinadas no Brasil. Um aumento significativo de 17% no índice de homicídios.
Mesmo com a introdução de leis mais severas, como a Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, onde este dispositivo legal brasileiro visa punir com mais rigor crimes domésticos em que haja agressões física, psicológica e até sexual, a violência persiste e continua fazendo vítimas. Principalmente as mulheres.
A grande questão que fica é, como mudar isso? Paulo Freire, educador, pedagogista e filósofo brasileiro, considerado um dos pensadores mais notáveis e influentes na história da pedagogia mundial dizia o seguinte; "se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda".
Deve haver uma combinação entre o conhecimento humano com a tolerância, valor universal da humanidade, que devem caminhar juntos, para que se tenha o conhecimento necessário, bem como vontade política, para atingirmos um nível de desenvolvimento da sociedade, onde a mulher, que além de parceira do homem, é sua semelhança, não seja vitimizada pela ausência dessas combinações.
O homem ao violentar a mulher, acaba se violentando, ao se bestializar. É violentar a si mesmo, num mundo cada vez mais carente de humanidade.
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